BTS Entrevista: Seshimoon, cosplayer e streamer

Alô fãs de esports e seguidores da BTS Brasil! Hoje temos mais uma matéria da seção BTS Entrevista! Semanalmente, traremos entrevistas com figuras ligadas aos games e aos esports, para que você saiba mais sobre os nomes conhecidos do esporte eletrônico.

Hoje, falaremos com a Cecília, mais conhecida como Seshimoon, que é presença constante nas redes sociais como cosplayer e em lives na Twitch:

Primeiramente, uma apresentação sua: qual sua formação, qual seu trabalho, quem é a Cecília fora dos cosplays e fora das transmissões,  etc.

Olá! Bom, a Seshi ou a Cecília fora da stream e dos cosplays é uma biomédica patologista clínica de formação e me especializei na área de pesquisa clínica e acadêmica em neurociência e virologia de doenças que acometem o sistema nervoso central, que causam patologias relacionadas a doenças neurodegenerativas e do neurodesenvolvimento. Atualmente, tenho duas vertentes de trabalho: uma como pesquisadora assistente em um laboratório de modelagem de doenças do sistema nervoso central e outra como diretora científica em uma consultoria que abri recentemente.


Como e quando você começou a fazer cosplay? E como/quando começou como streamer?

Minha vida de cosplay começou no meio do meu ensino médio, lá no começo dos anos 2000, quando comecei a frequentar alguns eventos de anime com alguns amigos como Animecon, Anime Friends, entre outros (saudades, inclusive). E desde então, não parei mais. Para ser mais exata, eu vesti meu primeiro cosplay em 2005, que foi a Bela (de Bela e a Fera). Já a vida de streamer veio durante a pandemia, pós defesa do meu doutorado (comecei mais exatamente em maio/2021). Durante os meus anos de doutorado, eu acumulei uma lista de jogos que eu queria muito jogar, mas eu simplesmente não tinha tempo de sentar para jogar nada. Então, um dia eu decidi que streamar me ajudaria a organizar essa lista de jogos tão grande acumulei ao longo de 5 anos de doutorado, então seria divertido jogá-la conversando com outras pessoas.

Quantos ou quais cosplays você já fez? Se forem muitos, pode listar apenas os principais!

Aí vem aquela bomba básica de “depois do 50º cosplay que eu fiz, eu parei de contar”, hahaha. Mas os que eu mais tenho carinho ao lembrar são: Sailor Moon, Eternal Sailor Moon, Princess Serenity, Tenjou Utena (Shoujo Kakumei Utena), Starfire (Teen Titans), Morgana Ghost Bride (League of Legends), Link e Zelda (The Legend of Zelda Breath of the Wild), Roy Mustang (FullMetal Alchemist) e Victor Nikiforov (Yuri on Ice).

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Cecília como Eternal Sailor Moon, de Sailor Moon (foto: Paula Baio)

Quais são as melhores partes e quais são os maiores desafios de se lidar com público nas redes sociais?

A melhor parte, além de conhecer pessoas novas, é conhecer mundos diferentes. Quando digo isso, digo com o intuito de sair da minha bolha, de olhar em volta e ver que existem outras coisas além do meu mundinho diário. O maior desafio, sem sombra de dúvidas, é saber lidar com a falta de noção das pessoas. Tem muita gente que acha que só pq você está na internet que significa que você aceita ouvir qualquer coisa, fazer qualquer coisa, etc… Ter que botar limite em gente que acha que a internet é uma terra sem lei é definitivamente o maior desafio para mim.

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Cecília como Jinx (skin Firecracker), de League of Legends (foto: Raphael Feitoza)


Quais dicas você dá para quem pretende começar como cosplayer? Tem alguma dica ou palavra de incentivo especificamente para as mulheres do cenário?

Antes de mais nada: esteja bem consigo mesma. As pessoas irão comparar, as pessoas irão falar, as pessoas são maldosas. Infelizmente, a gente não controla isso. E mesmo que todo mundo sempre nos encha de amor e de elogios e tente nos blindar de pessoas ruins, sempre haverá uma laranja podre no meio que tentará estragar tua alegria. Então, você estar feliz consigo mesma e entender que você faz aquilo para você se sentir bem consigo mesma é primordial. Existe uma linha muito tênue entre uma crítica construtiva para melhorar teu cosplay ou tua performance numa apresentação numa competição de cosplay e uma crítica para machucar, ofender.

Infelizmente, em tantos anos de cosplay, eu já vi e eu mesma já me coloquei em situações de distúrbios alimentares e dietas absurdas por exposição excessiva a corpos extremamente magros e com padrões impossíveis de se chegar por conta de cosplay. Então, antes de tudo, coloque na cabeça de que: cosplay é um ato de diversão. Não deixe que padrões te digam o que você pode ou não fazer. Evite ler comentários mas não deixe, jamais, de ser feliz vestindo a roupa do personagem que você quer.

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Cecília como Aoba Seragaki de DRAMAtical Murder (foto: Artemys)

Falando de games agora: quais são seus favoritos? E qual desses você recomendaria para qualquer pessoa?

Assim como filmes, o meu gênero de jogos favorito é RPG, terror e suspense. MAS, eu tbm oscilo entre coisas fofas como Animal Crossing (nada como um equilíbrio, não é, hahaha). Eu sempre, mas sempre mesmo, puxarei sardinha para jogos como Persona (especialmente o 4 e o 5) para pessoas que gostam de RPG japoneses. Resident Evil Village e Bioshock Infinite me surpreenderam muito positivamente, então também indico de olhos fechados. E claro, joguem Animal Crossing. Melhor jogo do universo.

Assim como os games e os esports, o cenário dos cosplays mudou e cresceu muito nos últimos anos. Quais diferenças você vê, comparando o período em que começou com agora?

Nossa, é até confuso para nós, sabe? Hahaha. Vou te dizer que mudou muito coisa e, antes, por mais incrível que pareça, eu sentia que era mais organizado por conta das informações estarem todas localizadas em um único lugar (que era o fórum do Cosplay Brasil). Hoje em dia, tem muita informação espalhada, o que é bom para disseminar, mas que também deixa um pouco confuso demais. Eu mesma não tenho focado em concursos pela falta de foco na informação e muitas vezes só fico sabendo que houve algo quando vejo o resultado na rede social de algum vencedor. 

Claro, eu sou das antigas. Da época que eu madrugava na fila de evento pra conseguir me inscrever no concurso cosplay correndo por cima de todo mundo que também estava madrugando na fila (pois havia um número limitado de vagas). Então pode ser uma percepção de uma pessoa “idosa” do meio que não esta acostumada a “nova tecnologia”.

Sendo você cosplayer e cientista, como é lidar com dois mundos tão distintos? O público que te acompanha nas redes sociais pelos seus cosplays, ou pelas suas lives, também te acompanha pelo seu trabalho como pesquisadora?

Eu acho ótimo, na verdade. É bom poder separar um pouco até mesmo para não enlouquecer e vou te dizer que isso é muito mais comum do que vocês imaginam. Tem muito cientista com banda de rock, surfista, que dá aula de yoga, que pinta quadros… A nossa cabeça e a gente como profissional, como cientistas, carregamos uma responsabilidade enorme com esse cargo. É um peso que a gente precisa se desligar um pouco. É saudável pra nossa própria sanidade. Lidamos todo o tempo com prazos, com experimentos de horas e dias trancados dentro de laboratório, ficamos meses bitolados com algum trabalho… É bom ter um escape.

Então, o cosplay é isso para mim.O público gosta muito. Inclusive, isso chama muito a atenção deles. Justamente por isso do “como assim é uma pessoa com mundos tão distintos?!”. Somos pessoas como todo mundo. Não somos seres excepcionais, muito menos superiores por nada. E é isso que eu sempre comento com o público: “eu só estudei e sei dessas coisas e gosto de ensinar, mas sou como todo mundo e gosto das mesmas coisas que todo mundo”. E em paralelo, eles acompanham meu trabalho como pesquisadora pois vira e mexe comento sobre meu trabalho e pesquisa, além de sempre abrir um “Momento Ciência” nas lives onde as pessoas podem tirar suas dúvidas e conversar sobre Ciência.

Considerações finais: algum agradecimento que queira fazer, algum desabafo, algum comentário sobre o cenário cosplay, etc. Este espaço é seu!


Eu queria agradecer demais pelo convite e é sempre um prazer falar sobre o que eu mais gosto de falar: cosplay e Ciência! Se quiserem saber mais sobre meu trabalho e mais sobre quem sou eu, me segue lá na Twitch (/seshimoon), onde eu faço live de segunda à sexta, a partir das 21h. Ambiente safe, melhor chat do Brasil, garanto bons papos antes do soninho de beleza, hahaha!

Gostou do trabalho da Cecília? Então segue ela no Twitter! E para acompanhar o trabalho dela como cientista, siga o perfil CBS Científica!

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Texto por Vitor Santos

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