Jaguares: ex-integrantes processam a organização
A Jaguares, organização de esports que encerrou suas atividades em agosto, começou a ser acionada na Justiça por ex-integrantes. Jogadoras de Valorant, um psicólogo e um manager abriram ações judiciais, cobrando o pagamento de salários, verbas trabalhistas e rescisórias e até indenizações por danos morais.
Em agosto, o Globo Esporte (ge) havia feito uma reportagem sobre os problemas envolvendo a Jaguares, e dias depois a organização anunciou o encerramento de suas atividades. Na época, integrantes de diferentes modalidades estavam descontentes e cobrando a equipe devido aos atrasos de salário e aos débitos em aberto, bem como divergências com a diretoria.
Em apuração, a equipe ge encontrou seis processos na Justiça do Trabalho relacionados ao assunto, sendo que quatro são de jogadoras de Valorant que passaram pela Jaguares de abril a julho.
Nayara “nzh”, Tamires “Badgal”, Lara “Larischz” e Gabriella “gabi” estão processando a Jaguares, pedindo o reconhecimento de vínculo empregatício, a fixação do salário em R$ 1,1 mil (as atletas recebiam R$ 1 mil, abaixo do salário mínimo estipulado pela legislação trabalhista), além do pagamento de verbas trabalhistas e rescisórias e de uma multa compensatória. Ainda, os processos de Badgal, nzh e gabi pedem o pagamento de salários atrasados e/ou premiações.
A jogadora gabi também pede uma indenização por danos morais de R$ 5,5 mil por ter sido obrigada por Stella de Jesus, coproprietária da Jaguares, a gravar vídeos para o TikTok, algo que não só era contra sua vontade, como não estava previsto no contrato.
A ação possui imagens que mostram mensagens de Stella orientando os integrantes do clube a produzirem conteúdo para a web, com ameaça de multa de R$ 100 por dia e demissão para quem “não trabalha a parte de marketing e comunicação”.
No processo, o advogado de gabi, Helio Tadeu Brogna Coelho, ressalta que a jogadora “era a líder do time, mas é uma pessoa tímida, que não se sente bem ao se expor publicamente em redes sociais, especialmente para dançar e imitar outras pessoas”.
“Sem alternativa, e sob a pressão do poder diretivo do empregador, a reclamante (gabi) se viu coagida a gravar os vídeos, mesmo contra a sua vontade, pois o salário que recebia era destinado ao seu próprio sustento e o de sua família, que a deixou absolutamente humilhada e constrangida, sofrendo abalo moral que jamais imaginou que passaria”, argumenta o advogado da atleta na ação.
Outro que processou a Jaguares é o psicólogo João Lucas Gomes do Nascimento, cobrando salários atrasados, adicionais por atendimentos além do acordado em contrato, verbas rescisórias e indenização por danos morais, com valores que somam ao todo R$ 19.507,49. Em audiência, porém, o profissional aceitou um acordo com o clube para receber apenas R$ 2 mil.
Em declaração ao ge, João explica que houve interferência da diretoria da Jaguares no processo, inclusive com contato com uma das testemunhas, e que não conseguiu comprovar que houve perjúrio [crime de fazer afirmação falsa], o que o levou ao acordo.
“Estou de consciência limpa e sei que fiz o meu trabalho com todos os times que acompanhei nessa jornada árdua e honrei com a minha parte do acordo, mas, infelizmente, a Justiça ainda é cega. Torço para que não tenham a oportunidade de estar novamente a frente de um negócio onde haja outras pessoas envolvidas, pois tudo que presenciei não desejo que outros times passem”, disse o psicólogo.
Outro profissional que trabalhou na Jaguares, o manager Eugênio Búfalo Rodrigues também processa a organização. Ele aponta constantes atrasos no salário, horas extras sem remuneração, não pagamento de verbas rescisórias após a demissão, entre outras coisas. O valor da ação está estimado em R$ 23.855,55.
Posteriormente, o ge buscou um posicionamento da Jaguares por e-mail e pelo WhatsApp de Stella, mas não obteve resposta.
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Texto por Vitor Santos
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