Fisioterapia: quais são as lesões mais comuns nos esports e como evitá-las

No esporte tradicional, as figuras responsáveis pela saúde dos jogadores já são uma presença consolidada: psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas. No esporte eletrônico, os três últimos são figuras recentes, porém presentes de qualquer forma. Hoje, falaremos sobre como a fisioterapia se relaciona aos esports, e quais são as lesões mais comuns de acordo com as modalidades.

Vitor Kenji é fisioterapeuta e trabalha com atletas de esports

Vitor Kenji, fisioterapeuta que trabalha para LOUD e Havan Liberty, também já tendo feito trabalhos para Team Liquid e Prodigy, contou em entrevista ao site da ESPN Brasil sobre as diferenças entre cuidar de um atleta convencional e um atleta de esports, ressaltando a questão do esforço repetitivo:

“A diferença está na questão de tratar as lesões que os atletas de esports têm em relação às que aparecem nas modalidades tradicionais. Com os atletas de esports, por conta do movimento repetitivo por longos períodos e alta intensidade, a lesão mais frequente é a tendinite e, por isso, o nosso trabalho foca mais na prevenção e tratamento desse tipo de lesão”, explica Kenji.

Matheus Di Luca, que trabalha para a W7M Gaming, diz ainda que “a área está se tornando um foco para vários profissionais, sendo necessária uma atuação diferenciada devido a ocupação dos jogadores na questão do tempo de treinamento, bem como as qualidades e hábitos de cada jogador”, também em entrevista dada à ESPN Brasil.

Ainda, segundo ele, o trabalho varia de acordo com a pessoa, já que o público dos esports tem hábitos específicos:

“A maioria dos praticantes desta modalidade variam de 20 a 32 anos, público jovem que apresentam hábitos específicos. Na maioria das vezes, a postura ao jogar, o tempo que treinam, a forma como utilizam os meios eletrônicos sociais e hobbies digitais acabam influenciando no tempo que permanecem online e isso influencia diretamente na forma como podemos elaborar um tratamento específico ou uma estimulação a novos hábitos que irão contribuir com o desempenho, performance e na prevenção de lesões”, detalha Di Luca.

Vitor Kenji lembra também que as lesões podem variar de acordo com a modalidade, listando as principais em um artigo que escreveu para o site Multiverso+

“Coluna lombar, coluna cervical e fadiga ocular são unânimes, em todas as modalidades que eu atendi os atletas relataram incômodo nessas regiões do corpo. As demais dores variam de acordo com o jogo”, explica.

“Por conta disso, vou listar as que são particulares de cada modalidade:

  • MOBA: punho, dedos (indicador e médio da mão direita) e ombros
  • FPS: punho, ombro e cotovelo
  • Mobile: dedo polegar, punho, cotovelo e ombro
  • Battle royale de PC (Fortnite): punho, dedos (principalmente da mão esquerda), cotovelo e ombros
  • Joystick: dedos, punho, cotovelo e ombros”

Mas, como prevenir? Kenji dá algumas dicas para quem é adepto do esporte eletrônico, dando ênfase na questão das lesões por esforço repetitivo:

“É muito importante para o jogador de mobile fazer alongamentos e aquecimentos antes dos treinos e saber sentar em uma postura adequada: os pés apoiados no chão, joelhos flexionados a 90 graus, lombar apoiada (se precisar, utilizar um apoio de lombar), cervical apoiada (utilizar uma almofada para apoio da cervical), não deixar os ombros elevados, procurar manter o pescoço ereto, trazendo a tela do celular para a altura dos olhos e não ao contrário”, ensina.

Para os jogadores de PC, as instruções são um pouco diferentes, mas com a mesma finalidade:

“Para os atletas que jogam em PC, a postura adequada seria: pés apoiados no chão, joelhos a 90 graus, coluna lombar bem apoiada, cotovelo a 90 graus, altura do apoiador do antebraço alinhada com o tampo da mesa, mão alinhada com o antebraço, mantendo uma distância de 65 a 75 cm dos olhos até a tela do monitor e os olhos alinhados com o topo da tela do monitor ou até 3 dedos abaixo do topo da tela”, explica.

Kenji também conta que a aceitação dos times de esports para os quais já trabalhou foi totalmente positiva, muito por parte da conscientização que os atletas fazem:

“Nos times que eu trabalho posso afirmar que a aceitação foi a melhor possível porque foram os próprios atletas ou comissão técnica que indicaram a fisioterapia para compor a staff. Então, a adaptação ficou bem mais fácil. Hoje acredito que existe, sim, uma conscientização dos atletas em dar a importância para a fisioterapia, ainda mais saindo na mídia com casos de atletas sendo afastados devido a lesões. Com isso, os times também estão mais interessados em ter fisioterapeuta na staff, acredito que logo, todos os times terão”, conclui.

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Texto por Vitor Santos

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