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Roblox está sendo investigado por suspeita de trabalho infantil no Brasil

O jogo Roblox está sob alvo de investigação do Ministério do Trabalho do Brasil por suspeita de trabalho infantil. As informações vem de uma publicação feita pelo site Repórter Brasil.

O título pode ser caracterizado como trabalho infantil ao permitir que usuários criem seu próprio conteúdo dentro do jogo e depois vendam para outros usuários. Ainda, o trabalho pode ser classificado como análogo à escravidão de acordo com as condições de pagamento que são seguidas.

Conforme apontado pelo Repórter Brasil, diversos menores de idade foram vistos em servidores de Discord oferecendo trabalho pelo preço de alguns créditos de dentro do game, o chamado Robux. Alguns chegam a oferecer serviços por 100 Robux, valor equivalente a pouco menos de 10 reais.

O site também tentou ouvir pessoas que oferecem e contratam os serviços nestes servidores. Entre eles, há um jovem de apenas 17 anos identificado como Beto, que coordena um time de pequenos desenvolvedores, todos da mesma idade ou com até 13 anos. Beto explica que os serviços são contratados na base da confiança, sem nenhuma formalidade e que nem sempre os “devs” são a favor de tecer contratos para seus serviços.

Os serviços variam muito: vão de avatares 3D, animações e expressões até jogos completos. A monetização depende do sucesso do jogo viralizar. Vale ressaltar que Roblox não é um jogo em si, mas sim uma plataforma onde publicam-se vários jogos feitos com suas ferramentas próprias. Um trecho do Repórter Brasil destaca:

“Você vai depender 100% do algoritmo da plataforma para que ele [jogo] dê certo ou não”, diz outro usuário, em um chat no Discord. Em seguida, outro perfil reforça: “estou desenvolvendo um jogo com expectativa de lucro superior a R$200.000 por mês. Mas isso somente se o jogo tiver sucesso, caso contrário, não receberei nada.””

O Ministério Público do Trabalho em São Paulo passou a investigar o jogo por conta deste sistema de monetização que visa atrair adolescentes e crianças, as quais são o principal público de Roblox. Nos próximos dias, o MPT deve ouvir os representantes de Roblox no Brasil para esclarecimentos.

Posicionamento da marca Roblox em relação ao tema

Stefano Corazza, um dos principais executivos da Roblox, declarou durante uma entrevista feita em março de 2024 que a plataforma é um “presente” para os jovens desenvolvedores:

“Você pode dizer: ‘OK, estamos explorando trabalho infantil’, certo? Ou pode dizer: estamos oferecendo às pessoas em qualquer lugar do mundo a capacidade de conseguir um emprego e até mesmo uma renda. Eu posso ter 15 anos vivendo em uma favela na Indonésia, e agora, com apenas um laptop, posso criar algo, ganhar dinheiro e sustentar minha vida”, disse Corazza.

Porém, a argumentação do executivo da Roblox não soa convincente para Ivan Mussa, professor do Departamento de Mídias Digitais e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em sua opinião, a esmagadora maioria das crianças não virá a ter qualquer ganho financeiro:

“Para um criador de uma favela da Indonésia ganhar, você tem um exército de outras pessoas, em outras favelas de outros países, que estão com a mesma ilusão de ganhar, que estão produzindo jogos para Roblox, e que geram lucro para a plataforma. Tem um desequilíbrio de poder sobre quem faz e quem lucra”, rebate o professor.

Adriana Orsini, professora da faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), completa o raciocínio:

“Se tem uma regularidade de produção, existe a possibilidade de ser considerado um trabalho infantil”, avaliou Adriana em entrevista ao site UOL Economia.

A professora também aponta que, por conta disso, a plataforma deve assumir responsabilidades trabalhistas:

“É ela que recebe o jogo, o dinheiro que é pago é dela. E a Roblox sedia o espaço onde ocorre o desenvolvimento dos jogos”, completa.

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Texto por Vitor Santos

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