Pocket Bravery: conheça o jogo de luta brasileiro que pretende chegar à EVO

A EVO, maior competição de jogos de luta do mundo, recentemente tem feito uma abertura para jogos independentes, com títulos como Skullgirls e Melty Blood: Type Lumina dando as caras no torneio. E, na esteira do sucesso dessas produções, temos um jogo indie brasileiro que sonha em chegar na EVO: Pocket Bravery, desenvolvido pela Statera Studio, dos desenvolvedores Jonathan “Jon Satella” Ferreira e Anderson Halfeld.

O título, inclusive, já esteve chamando a atenção de nomes como o americano Justin Wong, maior campeão da história da EVO. O jogador soma 9 títulos, sendo 8 deles na série Marvel vs. Capcom.

Em entrevista ao MGG Brasil, a dupla falou sobre as principais inspirações para o jogo, bem como as dificuldades e desafios relacionados ao desenvolvimento do jogo, que ainda está em fase de beta aberto na Steam, entre outros temas.

Jogo com elementos clássicos e universo detalhado

Pocket Bravery apresenta diversos elementos de títulos consagrados, como The King of Fighters e Street Fighter: o jogo é rápido e cheio de combos que chamam a atenção. Mas, com um estilo artístico que lembra Pocket Fighter, game da Capcom de 1997 que traz versões infantilizadas dos lutadores de Street Fighter, e SNK vs Capcom: Match of the Millenium, game que faz um crossover de personagens das duas empresas.

“O que nós tentamos com o Pocket Bravery é resgatar um pouco dos clássicos dos anos 1990 que foram febre nos fliperamas, mas ao mesmo tempo trazendo elementos originais nossos, que façam o jogo ter uma identidade própria, desde a jogabilidade, com cada lutador tendo seu próprio elemento característico, até o design e origem dos personagens. Temos cenários do Parque Lage, no Rio de Janeiro, na cidade do Porto, em Portugal, e um personagem nigeriano chamado Ndidi. Escolhemos colocar um personagem nigeriano no jogo porque fizemos um trabalho de pesquisa e vimos que Nigéria e Argélia são os países da África onde jogos de luta são mais populares, e essa diversidade de nacionalidades estará presente em todo o jogo”, explica Jon Satella.

Pocket Bravery tem inspiração em clássicos como Street Fighter e The King of Fighters (Foto: Divulgação/Statera Studio) - Jogos de Luta
Pocket Bravery une traços caricatos a mecânicas de jogos de luta clássicos

Por outro lado, temos Anderson Halfeld como o artista da dupla, responsável pelo aspecto de design dos personagens e história propriamente dita. Para ele, tão importante quanto o jogo ser funcional e ter combos que aliam técnica e plasticidade, é criar um universo com o qual o jogador se envolva.

“Quando entrei no projeto, sempre tive em mente que precisávamos ter um jogo de luta completo, que contemplasse todas as fases de desenvolvimento. Cada aspecto do design e origem dos personagens do Pocket Bravery tem raiz em características de pessoas reais, ainda que o visual seja cartunesco. Para mim, a história também é uma parte fundamental do jogo, e acho importante que o jogador conheça questões como a motivação e a lore dos lutadores. É uma preocupação cada vez mais presente no gênero e nosso desejo é entregar um game de enorme qualidade também nesse aspecto”, ressalta.

Ndidi foi desenvolvido como o representante da Nigéria em Pocket Bravery (Foto: Divulgação/Statera Studio) - Jogos de Luta
Ndidi, representante nigeriano de Pocket Bravery

Até o momento, quatro lutadores estão disponíveis na versão demo básica de Pocket Bravery: Nuno, Hadassa, Sebatian e Ndidi. Além deles temos um quinto personagem chamado Daisuke, um samurai de origem japonesa. Ele já está disponível em algumas chaves específicas que a Statera distribui para criadores de conteúdo. A ideia é que o jogo tenha 11 personagens ao todo, embora os demais não estejam disponíveis para teste.

“Sabemos que ainda temos muitas coisas para corrigir no jogo, desde questões de balanceamento até a correção de bugs e glitches, e por isso temos trabalhado com extremos cuidado com cada personagem. Cada movimento, especial, combo, tudo isso tem sido cuidado de forma muito minuciosa por mim e pelo Jon, e estamos extremamente felizes pelo feedback que a comunidade tem nos dado até o momento. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas os passos que demos até agora têm sido na direção certa, o que nos dá muita confiança sobre o futuro do projeto”, detalha Anderson.

Feedback e proximidade da comunidade

No começo de outubro, o streamer e YouTuber DioRod organizou a Contenda dos Doidos, um torneio de Pocket Bravery com oito criadores de conteúdo relacionados aos jogos de luta: Eterno Ninja, Pai Geek Jacob e Yorezordd, Jex Barbosa, Matheus Shi, Jex Barbosa, Rafael França e Jota.

Jonathan Ferreira conta que o torneio foi uma iniciativa dos próprios criadores de conteúdo, com a Statera dando apoio a novas competições futuramente:

“O mais legal disso tudo foi ver que esta foi uma iniciativa que partiu de pessoas que são da nossa comunidade de jogos de luta e resolveram organizar e participar do torneio. O feedback de quem assistiu foi extremamente positivo, e dos criadores de conteúdo também. Não temos dinheiro para apoiar financeiramente um campeonato, mas pretendemos apoiar de todas as outras formas que pudermos iniciativas que busquem divulgar o Pocket Bravery. Esse primeiro campeonato nos deu uma injeção de ânimo para seguirmos com ainda mais força”, diz.

E, como dito no começo, Pocket Bravery também tem apoio do americano Justin Wong, nove vezes campeão de EVO, que já produziu conteúdo relacionado ao título indie brasileiro. Em maio, o competidor e streamer fez uma live em seu canal na Twitch dedicada ao jogo, e em junho publicou em seu canal do YouTube um vídeo sobre as mecânicas do jogo.

O fato de um dos maiores nomes da história dos esports ter falado do jogo pegou Jonathan e Anderson de surpresa, e dando um incentivo maior ao projeto:

“Receber a atenção e os elogios de um cara que dedicou a vida a competir em diferentes jogos de luta em altíssimo nível, que conhece a fundo as mecânicas dos melhores games já feitos no gênero, é muito mais do que um incentivo, é praticamente um carimbo de que estamos na direção certa. Não fizemos qualquer tipo de contato com o Justin Wong, fomos tão pegos de surpresa quanto todo mundo, mas foi o sinal de que devemos continuar trabalhando muito firme nesse projeto”, diz Jonathan.

Anderson lembra que a ideia é que o projeto seja lembrado como um grande jogo de luta também:

“Não queremos ser elogiados somente por sermos um game indie brasileiro, que as pessoas falem que o jogo é ótimo apenas por ser desenvolvido aqui. Queremos desenvolver de fato um grande jogo de luta, que conquiste público no mundo inteiro, e receber elogios de um cara com o alcance do Justin Wong é o começo da projeção que almejamos”, aponta.

Com isso, a ideia de Pocket Bravery ser um jogo independente que faz parte da EVO se torna uma possibilidade real para os desenvolvedores:

“Temos visto muitos projetos independentes alcançando grande sucesso mesmo muitos anos após serem chegarem oficialmente. Under Night e Skullgirls, originalmente, foram lançados há bastante tempo, ambos em 2012. E graças à comunidade alcançaram enorme visibilidade nos últimos anos, a ponto de chamarem a atenção da EVO. Pessoalmente, acho que levaremos até uma vantagem em relação a esses jogos quando o Pocket Bravery for oficialmente lançado, pois ele é um jogo mais familiar para quem é fã de Street Fighter e KOF, por exemplo. Sonhamos sim em aparecer na EVO um dia, por que não?” projeta Jonathan.

Parte de um universo maior

Embora o jogo não tenha sido oficialmente lançado e ainda esteja na sua versão demo, Pocket Bravery nasce como parte de um projeto maior: o nome Pocket é um indicativo que o universo de Bravery ainda terá futuramente um game em que Nuno, Ndidi, Hadassa, Sebatian e companhia ganharão versões mais realistas, em vez das miniaturas caricatas.

Ou seja, as versões “cabeçudas” dos personagens são a primeira parte de um projeto envolvendo um “Braveryverso”:

“Originalmente, iríamos lançar o Bravery primeiro, mas acabamos optando por lançar o Pocket antes, por ele ter um desenvolvimento um pouco mais rápido e simples. Mas ele é parte de um universo que ainda pretendemos expandir muito nos próximos anos. Por ora, porém, todo nosso foco está voltado para Pocket, e estamos colocando muito coração em cada pequena etapa do desenvolvimento. É o xodó da casa e estamos cuidando dele com muito carinho”, brinca Jonathan.

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Texto por Vitor Santos

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