PUBG Mobile: jogador Squash é banido por um ano
Eleito o melhor jogador de PUBG Mobile das Américas em 2023, Arthur “Squash” está banido de campeonatos pelo período de um ano após uma decisão da Tencent. Em publicações no Instagram, o atleta acusou a equipe dele, a iNCO Gaming, de saber da fraude que levou à punição e só tê-lo denunciado após saber que ele queria sair da organização.
Em entrevista ao Globo Esporte (ge), a iNCO negou a conivência, rebateu as acusações e disse que, apesar de saber da irregularidade desde o início, esperou a conclusão da investigação por parte da Tencent.
A situação se iniciou quando Squash recebeu a punição por ter jogado na conta da namorada, Rubya “RubyaAC”, no classificatório da 4ª temporada do PUBG Mobile Club Open, em 16 de outubro. No mesmo dia do torneio, muitas pessoas desconfiaram que não era Rubya jogando, o que levou a Tencent a investigar o caso desde então.
Uma print que Squash publicou no Instagram mostra uma conversa, na noite do dia 16, em que a dona da iNCO, Susy Egert, orienta a namorada de Squash a “não responder ninguém”, deixando “as pessoas falarem, provocarem e fazerem o que for”. Na mensagem, Susy informa que a iNCO já havia sido procurada pela Tencent e que Squash tinha o risco de ser banido, mas que a organizadora precisaria “ter provas”, o que segundo a empresária “é bem difícil”.
De acordo com registros obtidos e apurados pelo ge, Susy escreveu em uma conversa com Squash, naquele mesmo dia 16:
“Eles vão precisar provar que você jogou. Não somos nós que precisamos provar o contrário. Então, se eles não têm provas, não aconteceu”, disse a empresária ao jogador.
“Sabe que você pode tomar ban indo para o mundial, né”, escreveu Susy em outra mensagem.
A situação se iniciou dias depois de a iNCO ter chegado à 3ª colocação do PUBG Mobile Pro League – Americas Championship Fall 2023, ocasião em que Squash ter sido escolhido o MVP do campeonato. Depois, a iNCO disputou o mundial de PUBG Mobile entre novembro e dezembro, sem qualquer punição para a equipe ou o jogador.
De volta ao Brasil, em 2 de dezembro, antes mesmo do mundial terminar, Squash comunicou à iNCO que não iria renovar o contrato, que terminaria em fevereiro de 2024. O jogador alega que estava com salários e premiações atrasados, algo que a iNCO nega.
Squash acusa a iNCO de retaliação
Na versão do atleta, então, se iniciou uma retaliação por parte da organização. Conforme explica Squash, a iNCO o denunciou para a Tencent sobre a irregularidade cometida em outubro, mesmo tendo ciência do que aconteceu desde o primeiro dia.
“A org já sabia de tudo desde o início, mas preferiu esconder para que não fosse prejudicada com nossa participação no maior campeonato, o PMGC. Sabendo da minha possível penalidade, arquitetaram e conspiraram para que nada fosse descoberto e pudessem contar com a minha participação como jogador para alcançar maior colocação no torneio e, com isso, maior premiação. Ou seja, não denunciaram antes porque precisavam da minha participação no campeonato. A suposta ‘colaboração das investigações’ só aconteceu depois de eu ter manifestado o meu desinteresse em renovar o meu contrato com a organização, devido a atrasos e não pagamentos de salários e bonificações, bem como pagamentos menores de premiações. Sabendo da situação, a org tinha o dever de, naquele momento, comunicar os responsáveis e até mesmo me punir internamente, mas preferiu somente agora (após o PMGC e a minha decisão de saída), aproveitar da situação para dizer que eu teria quebrado o contrato”, escreveu o jogador no Instagram.
Na noite da última segunda-feira (15/01), Squash recebeu uma notificação da iNCO informando a rescisão do contrato e cobrando o pagamento de multa por ter dado causa ao rompimento do vínculo. Nas publicações no Instagram, Squash ainda pediu desculpa e disse que irá se redimir pela irregularidade que cometeu.
“Eu sei que vocês ficaram decepcionados e estou profundamente arrependido e decepcionado comigo mesmo por não entender que isso poderia prejudicar não somente a mim, mas também a toda minha família. Levei essa penalidade por ter usado a conta da minha namorada, e entendo que isso foi um erro. Quero pedir desculpas a cada um de vocês. Mas meu maior erro foi acreditar e confiar nas pessoas e em uma org que me surpreendeu com uma notificação dizendo que só soube disso agora e que decidiram comunicar aos responsáveis das competições. Mas isso não é verdade”, declarou Squash.
Posicionamento da iNCO sobre a situação
Durante um contato com o ge, a dona da iNCO relatou que a Tencent procurou a manager da equipe para começar a investigação no próprio dia 16 e que Squash inicialmente negou a irregularidade, mas depois a confessou.
“Ao que respondemos para a Tencent que, assim que ela tivesse provas da irregularidade cometida pelo ex-atleta da iNCO, que a empresa fosse cientificada do resultado. Fato que ocorreu algum tempo depois”, contou Susy que também disse que a organização forneceu todas as confissões de Squash, por meio de prints de conversas com o jogador, a namorada e familiares dele, e que repassou as provas após acionar representantes da Tencent em uma troca de e-mails em que, segundo a empresária, o “atleta ameaçou pedir o banimento da iNCO”.
Susy não quis informar a data em que teve acesso às provas, mas a troca de e-mails em questão ocorreu no início de dezembro, após Squash formalizar que não pretendia renovar o contrato.
Questionada por que não tomou providências e nem forneceu as provas de imediato mesmo sabendo da irregularidade desde o início, Susy respondeu:
“Tivemos ciência e tomamos providências. Solicitamos à Tencent imediatamente que, tão logo tivesse a conclusão do caso, fossemos avisados, pois, somente com as provas e definição final, nosso contrato de fato estaria quebrado. Evidentemente não poderíamos aplicar qualquer punição a nosso atleta sem uma comprovação efetiva de que teria agido de maneira irregular. Muito embora tivéssemos a confissão do mesmo, precisaríamos de uma posição oficial de quem organiza a modalidade para podermos nos posicionar e aplicar as sanções contidas em nosso contrato”, explicou.
Susy negou que a iNCO tenha arquitetado para que nada fosse descoberto, e que só decidiu denunciá-lo depois de saber que ele não queria renovar o contrato:
“Tal informação está dissociada da verdade, de modo que quem está alegando terá que provar. A situação é bastante clara ao se analisar, visto que tanto a Tencent quanto a Clan investigaram não somente a conduta irregular do ex-atleta de nossa equipe, mas de todo o time, verificando se houve alguma facilitação ou mesmo conivência da equipe. Estas empresas têm um setor de investigação muito sério e competente, ao passo que nenhuma irregularidade foi encontrada na iNCO, a qual tem se notabilizado por agir sempre dentro da legalidade e das regras que disciplinam os jogos que disputa”, disse.
A empresária também alegou que não tem nenhum débitos em aberto, ao contrário do que aponta Squash:
“Uma vez mais percebemos uma inverdade e até mesmo uma situação de desespero do ex-atleta de nossa equipe, o qual, além de macular nossa imagem, pois jogou de maneira fraudulenta, busca através de sofismas e alegações aleivosas trazer a pecha de mau pagador para nossa empresa”, explicou.
Em publicação no Instagram, Susy alegou que a denúncia não veio da organização, embora a equipe tenha colaborado desde o início na investigação:
“A org cooperou com as investigações desde outubro, e quem decide se vai banir ou não é a Tencent. No prazo dela. Não compete a nós. O que compete a nós, que a partir da decisão dela e mediante nosso contrato, ele seja executado. A denúncia não partiu de nós. Mas, quando solicitados, as provas que tínhamos foram, sim, apresentadas”, disse.
Por fim, Susy ainda ressaltou que não houve retaliação por parte da iNCO porque, já em 1º de dezembro, um dia antes de ser notificada por Squash, contatou o novo escritório de advocacia da equipe para “execução do contrato” do jogador.
“Não existia apenas o motivo da investigação que estava em andamento, mas várias situações que a Tencent estava ciente que estavam acontecendo. Inclusive recebemos denúncias, com provas, de que o mesmo estava jogando por outra equipe com contrato ativo”, concluiu.
Posteriormente, o ge procurou a Tencent pedindo esclarecimentos sobre o caso, mas não recebeu resposta até o momento. Caso haja algum posicionamento, a matéria será atualizada.
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Texto por Vitor Santos
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