BTS Entrevista: Neatting e Suuhgetsu, do projeto Libras no Esports

Alô fãs de esports e seguidores da BTS Brasil! Hoje temos mais uma matéria da seção BTS Entrevista! Semanalmente, traremos entrevistas com figuras ligadas aos games e aos esports, para que você saiba mais sobre os nomes conhecidos dos games e da internet em geral.

Hoje falaremos com o Lucas “Neatting” e com a Suuhgetsu, ambos integrantes do Libras no Esports, iniciativa que visa incluir pessoas com deficiência (PCD) no cenário dos games e esports:

Como e quando surgiu o Libras no Esports?

Suuhgetsu: Libras no esports foi criado em 2017, com o objetivo de trazer acessibilidade para o esports. Inicialmente, a ideia era ser acessível para a comunidade surda, por isso “libras”, mas no decorrer do projeto, notou-se a falta de conteúdos acessíveis para outras deficiências também, desta forma resolvemos expandir os recursos oferecidos, como Libras, legendas descritivas, áudio e futuramente áudio descrição e descrições de imagens nas redes sociais. A ideia do projeto é trazer conteúdos sobre jogos, com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência.

Trazemos uma melhoria na proposta do projeto, que além de trazer conteúdos acessíveis, quer trazer visibilidade a inclusão e acessibilidade, ficando aberto a profissionais da área ou profissionais que queiram ser acessíveis, contribuindo com a criação de conteúdos em troca de experiência e conhecimento na área.

Quais projetos que o grupo já fez no cenário? Fiquem à vontade para falar sobre cada um deles!

  • Sinalário de League of Legends ( consiste em criar sinais para o jogo League of Legends)
  • Aulão de League of Legends em Libras (Ensina o básico do jogo com acessibilidade) 
  • Manual de League of Legends
  • Aulão de Valorant em Libras
  • Manual de Valorant
  • Aulão de Valorant em Wild Rift em Libras
  • Manual de Wild Rift
  • Aulão de Brawstars em Libras
  • Dicionário de Esports em Libras (Traz a tradução dos termos usado no cenário de esports)
  • Protocolo Legenda ( Incentivar e ensinar o uso de legendas em lives e conteúdos audiovisuais, fazendo o mapeamento de quem os usa)
  • Tradução de interação de personagens de LoL
  • Tradução de interação de personagens de Valorant
  • Tradução de interação de personagens de Wild Rift
  • Tutorial de Jogos traduzido
  • Tradução de conteúdos da Riot Games
  • Transmissão de Campeonatos para PcDs
  • Tradução do regulamento dos jogos
  • Profissões acessíveis (consiste em ensinar e praticar outras profissões de forma acessível)
Lucas “Neatting”

Quais são os desafios e dificuldades que o Libras no Esports enfrenta no cenário?

Atualmente a dificuldade encontrada é manter a constância de publicação de conteúdos, uma vez que para atingirmos os critérios que temos a oferecer, a acessibilidade, precisamos passar por vários profissionais da área para que os conteúdos possam sair de acordo, por exemplo, nossos posts que contém imagem ou vídeo precisam ter Libras, legenda, audiodescrição e portugues.

Como era o cenário em relação às Pessoas Com Deficiência quando vocês começaram nos esports, comparado com agora?

Neatting: Era muito difícil você ver alguém se importando ou falando sobre acessibilidade, o conteúdo era escasso e muitas vezes com uma acessibilidade meia-boca, por exemplo, intérpretes pequenos demais dificultando a visualização, legendas sem cores adequadas, não tinha conscientização nenhuma e com toda certeza não tinha o mesmo espaço que vem sendo alcançado hoje em dia no cenário, ainda há muito para se tornar verdadeiramente acessível mas é um grande avanço.

Suuhgetsu: Quando comecei o cenário já contava com muitos PcDs, muitos até ativos no cenário, mas referente a inclusão de PcDs que necessitam de acessibilidade linguística/comunicacional era como se não existisse. Os vídeos que eram legendados só aconteciam quando o conteúdo era em inglês, logo era apenas pensando nos PsDs que não sabiam inglês. 

Existiam campeonatos para surdos, mas não tinham intérpretes, não tinha divulgação por parte do cenário, era algo paralelo. Vez ou outra aparecia alguém pedindo legenda, mas nunca era atendido. Hoje em dia encontramos muitas organizações que tem legenda em seus vídeos. 

Jessyka “Suuhgetsu”

Atualmente temos apenas uma organização com contratação e utilização oficial de intérprete de Libras, a Rensga. Tivemos um avanço gigantesco em relação a campeonatos, como a Riot Games apoiando um campeonato para PcDs, a 2ª edição da copa Rise 2021, o CBLoL, o Circuito Ela faz o game e até uma “batalha de streamers” do Banco do Brasil, o Stream Battle BB. 

Também temos cursos de gestão de esports com acessibilidade, como os da The360, que visão a capacitação nessa área. Ainda não vivemos no modelo ideal, mas em alguns anos o cenário de esports deu um passo muito maior do que em muitas outras áreas fora da nossa “bolha” gamers, infelizmente ainda temos grandes empresas dizer que o orçamento está baixo para acessibilidade, seja contratando intérpretes de Libras ou incluindo transporte para pessoas com deficiência física.

Na opinião de cada um, o que pode ser feito para melhorar a acessibilidade nos esports?

Neatting: À medida que os projetos de inclusão crescem e ganham visibilidade, as pessoas vão entendendo o quão é necessário e precisam cobrar as empresas, não é algo que deve ser cobrado somente por pessoas com deficiência, todos devemos exigir acessibilidade.

Ainda sobre acessibilidade, qual palavra de incentivo vocês trazem para quem quer se incluir nos esports?

Neatting e Suuhgetsu: Cobrar por um direito nem deveria ser nosso trabalho, mas se é o que precisamos, persistir e resistir são as palavras. Se as empresas querem esperar “aparecer” o público que já existe mas é ignorado pelas mesmas, não tem problema, o Libras no esports está aqui pra falar sobre isso mesmo, seja para dar voz a quem precisa, seja para fazer movimento com quem já está ativamente.

Gostou do bate-papo e da iniciativa? Então segue o Lucas, a Suuhgetsu e o projeto Libras no Esports no Twitter!

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Texto por Vitor Santos


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