BTS Entrevista: Leonardo Manulli, manager da NoPing E-sports

Alô fãs de esports e seguidores da BTS Brasil! Hoje temos mais uma matéria da seção BTS Entrevista! Semanalmente, traremos entrevistas com figuras ligadas aos games e aos esports, para que você saiba mais sobre os nomes conhecidos do esporte eletrônico.

Hoje, falaremos com o Leonardo Manulli, manager da NoPing E-sports e figurinha carimbada do cenário de Dota2.

Primeiramente, uma apresentação sua: quem é você, qual sua formação, quem é o Manulli fora do Dota.

Sou Leonardo Manulli, tenho 26 anos, jogo Dota desde meus 14/15 anos. Na época fazia um curso técnico de eletromecânica, depois iniciei uma faculdade federal de engenharia e depois de 6 anos eu abandonei no final do curso por querer seguir carreira no mundo dos jogos eletrônicos. O Manulli fora do Dota é um cara muito tranquilo com costumes de gente velha, como acordar cedo e dormir cedo. Embora hoje em dia não tanto mais, mas costumava passar minhas horas de folga jogando Dota também porque sou apaixonado pelo jogo. E também um cara ama muito sua namorada.

Como você conheceu o Dota e como começou sua carreira no jogo?

Conheci o Dota no ensino médio quando um amigo da sala me convidou a ir a lanhouse para jogar um jogo, eu nunca fui de frequentar lanhouse antes, tinha computador em casa e sempre fui de jogar jogos de computador ou console. Mas a partir de conhecer o Dota, comecei a levar mais a sério que outras coisas e via que era melhor que todos os outros que também jogavam na lanhouse da época, e eram pelo menos uns 30 jogadores diferentes. Inclusive hoje em dia 10 anos depois, alguns desses jogadores são meus melhores amigos até hoje. E por sentir que sempre fui melhor que a maioria e ser muito competitivo fui buscando jogar com gente melhor.

Logo fui o primeiro a jogar online e rapidamente jogava as ligas fechadas no RGC, no Dota 2 eu demorei muito a começar no jogo pois achava que o Dota 1 não morreria, mas tudo mudou depois do The International 1 onde me vi obrigado a migrar, pois era ali que estava o dinheiro. E acabou que por conta da demora pra migrar, perdi algumas oportunidades de já começar no Dota 2 jogando profissionalmente. E aí acabei correndo por fora e sempre fui sendo mais um ranked player que realmente um profissional, apesar de sempre jogar os campeonatos que tinham para ser jogados, mas nunca nos melhores times.

Eu era muito amigo dos jogadores da primeira line-up na época, Carlin ,Gustavin, HaneHane, KJ e Nuages. Certo dia o Carlin me falou “pô Manulli, tu que conhece todo mundo, quer ajudar a gente como manager não? Precisamos ter uns treinos melhores para melhorar”. Comecei fazer isso por 500 reais por mês por 2 meses, a gente chegou até a classificar para uma final de campeonato num presencial em Curitiba. E aí perdemos para um mix dos melhores players do Brasil, que até aquele momento pareciam para mim inalcançáveis. Mas mal sabia eu que ainda teria time com todos eles (risos).

Sobre a NoPing, como surgiu a oportunidade de trabalhar na equipe?

Nesse mesmo evento que falei, conheci o dono da organização e ele me perguntou o que precisava para o time ser melhor na época. Eu falei com ele que infelizmente precisávamos de jogadores melhores porque o nível era muito inferior, ele confiou e montamos a primeira line-up gerida inteiramente por mim, e que teve o apoio do China (manager da SG), que contou com Kingrd, Mandy, Dunha1, Therence e Nuages. Depois, somente o Nuages se manteve da formação original, e desde então fui trabalhando com a NoPing montando outras lines e trabalhando com outros jogos também.

A organização já competiu em outras modalidades além do Dota 2?

Montei um time de Fortnite que ficou em 11º lugar no Brasileiro de Fortnite do ano de 2019, inclusive todos os jogadores desse time na época eram pequenos, hoje em dia são enormes ainda profissionais e em grandes times pelo brasil. E atualmente estamos com o Free Fire com um time montado as vésperas da LBFF e que está na grande final, que vai ser jogada hoje inclusive no dia que te escrevo (23/10), valendo o acesso a primeira divisão da LBFF. E todas essas line-ups de jogos diferentes também foi eu que geri.

Dota parece ser um jogo um pouco mais “de nicho” no Brasil, sendo um pouco menos conhecido entre o público. Na sua opinião, quais os motivos para isso, e de que maneira seria possível mudar isso?

Sempre tive na minha cabeça que o LoL é um jogo mais acessível no brasil, não se precisa de um PC tão desenvolvido e logo, caro. Da mesma forma que jogos como o Free Fire que qualquer um pode jogar, pois em qualquer celular funciona, são super estourados e tem números impressionantes.

E sobre omo mudar isso? Eu acho a uns anos atrás não era possível pois o LoL atingiu um tamanho gigantesco no Brasil, porém hoje em dia eu vejo uma queda no LoL e uma crescida no Dota2. Mas imagino que seria necessário um apoio maior da distribuidora do jogo. Algo que parece já estar acontecendo, já que na transmissão oficial do mundial desse ano, foi investida uma grana grande no Brasil para fazer algo de qualidade.

Ainda sobre a menor popularidade do Dota 2, você vê isso como um desafio na hora de manter uma equipe profissional? Ou os desafios são os mesmos de qualquer equipe de esports?

Sem dúvidas nenhum patrocinador quer colocar dinheiro num time de Dota no brasil, não da números, não da engajamento, logo investir em outros jogos é mais rentável e inteligente. Sem investimentos você precisa pagar do bolso e torcer para o time ser campeão para diminuir os prejuízos, e com sorte sair no 0 a 0.

Recentemente a NoPing anunciou o encerramento da sua line de Dota 2, conforme o comunicado nas redes sociais. A equipe já tem nomes em mente para a reformulação do elenco?

Estamos trabalhando duro para montar uma equipe forte e competitiva para mantermos o titulo de atual campeão do DPC SA. Sobre o encerramento, os jogadores que eram peruanos em sua maioria optaram por voltar a jogar de seu pais de origem.

Por fim, faça suas considerações gerais: sobre o cenário, sobre suas perspectivas pro futuro na carreira, algum desabafo sobre o cenário que queira fazer, esse espaço é seu!

Eu escuto desde 2013 que esse é o ano do Dota no Brasil, e pela primeira vez tô achando que o ano que vem é o ano do Dota no Brasil. A estrutura pro alto nível está muito melhor, a pessoa pode jogar sabendo que vai ter um dinheiro no final do mês.

Já recebi algumas ofertas de sair da NoPing até mesmo internacionalmente, e ainda quero realizar meu sonho de ir pro TI e ser campeão. Sobre o cenário, o cenário brasileiro sempre foi muito tóxico, e a passos lentos está melhorando, mas confesso que fiquei muito chateado com os recentes casos de machismo, principalmente mostrados nas transmissões do TI. Moçada estamos em 2021, deixa as mina em paz e fazer o trabalho delas. Elas estão mandando muito bem.

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Texto por Vitor Santos

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