BTS Entrevista: Jasam, caster e comentarista de Dota 2
Alô fãs de esports e seguidores da BTS Brasil! Hoje temos mais uma matéria da seção BTS Entrevista! Semanalmente, traremos entrevistas com figuras ligadas aos games e aos esports, para que você saiba mais sobre os nomes conhecidos do esporte eletrônico.
Hoje, falaremos com o José Victor Almeida, mais conhecido como Jasam, analista e comentarista que sempre marca presença nas transmissões de Dota 2 da BTS Brasil:
Primeiramente, uma apresentação sua: qual é seu trabalho (para quem não te conhece), qual sua formação, quem é o Jasam fora das transmissões.
Me chamo José Victor Almeida, mais conhecido pelo meu nick, “Jasam”. Sou narrador de esportes eletrônicos pela BTS Brasil e também produzo alguns outros conteúdos para a BTS, mas meu foco principal é a narração. Estou me formando em jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Graças aos deuses, já estou na metade de minha formação.
Sou apaixonado por DotA 2, então quando não estou trabalhando narrando ou falando sobre o jogo, estou jogando ou assistindo algo sobre, principalmente sobre a cena competitiva. Na verdade, sou apaixonado por esports e pelo Brasil nos esports, então tudo que envolve competição de joguinho online e que tenha brasileiro no meio, eu com certeza estarei acompanhando de alguma forma, nem que seja só conferindo os resultados. Além disso, sou carioca, amante de futebol e flamenguista. Ou seja, o melhor tipo de pessoa do mundo (risos).
Como você começou a trabalhar como caster?
Eu comecei a trabalhar com narração muito cedo. Narro desde meus 14 anos, não sei dizer exatamente qual foi a data de começo, mas eu lembro de estar ainda no Ensino Fundamental onde eu tinha grandes amigos que também estavam curtindo muito jogar DotA 2. Eu quis criar um canal de narração na Twitch. O nome era Bolete TV, sim, ridículo, eu sei. Depois passou a se chamar Dota HueHue, ruim também, mas acho que menos pior, né. Chamei alguns dos meus amigos que jogavam para me ajudar fazendo os comentários nas transmissões. Mas claro que, por eu ser muito novo e ainda estar na escola, era ainda mais difícil de surgir oportunidades. Eu até alcancei um reconhecimento legal na época, mas aí chegou o Ensino Médio, e o foco teve que passar integralmente aos estudos para eu conseguir entrar numa faculdade.
Fiquei quase 4 anos completamente afastado da cena de casting, só fazendo participações esporádicas e pontuais. Com o começo da pandemia em 2020 e a paralisação das aulas da minha faculdade, eu fiquei com muito tempo ocioso e decidi voltar para as narrações. Eu já era sub da BTS, então eu tinha acesso ao grupo de subs da BTS no Telegram. Eu fui meio “ousado” e já quis voltar logo narrando no maior canal de DotA do Brasil. Então, eu aproveitei que no grupo tinha o contato do Shaolin, CEO da BTSBrasilTV, e mandei uma mensagem para ele pedindo uma oportunidade. Ele me encaminhou para falar com o Quiu, que na época era quem gerenciava o pessoal, marcamos de eu fazer um teste e, enfim, estou onde estou agora.
Atualmente você trabalha como analista e comentarista de Dota 2, mas pretende trabalhar com outra modalidade eventualmente? Já trabalhou com outros jogos antes?
Atualmente eu narro apenas DotA 2. Mas já narrei CS:GO, inclusive na BTS. Tenho muita vontade de voltar a narrar CS e também quero explorar novos jogos, como jogos de Futebol Virtual, Automobilismo Virtual, Free Fire, PUBG, Call of Duty, Valorant… Mas uma coisa é fato, meu foco é, e quero que seja para sempre, o DotA 2.
Quais são as melhores partes e quais são os maiores desafios de se lidar com público numa transmissão ao vivo?
A melhor parte é o carinho da galera. A BTS Brasil conseguiu construir algo que é raro nos esports em geral: construir uma comunidade saudável. Temos um público muito fiel e educado. Somos quase uma grande família no nosso canal. O público sabe muito de nossa vida pessoal, e tem vários viewers do canal que a gente sabe sobre a vida pessoal também. E a gente se aproxima, vira amigo de verdade. Nosso público está sempre nos apoiando e torcendo por a gente. Isso com certeza é a melhor parte. É muito bom receber esse apoio ao vivo, em tempo real. Muitas vezes nas transmissões, em um momento mais lento do jogo ou em um momento de pause, a gente troca ideia, responde as perguntas do público, tira dúvida, recebe feedback (isso seja sobre DotA, seja sobre assuntos gerais).
Agora, o maior desafio com certeza é a própria questão do ao vivo. Está AO VIVO. O tempo para pensar no que dizer é curto. Com o tempo a gente pega o jeito, e isso vira natural, fica enraizado na gente. Mas é inegável que às vezes, em um jogo mais lento ou então naqueles jogos de 1 hora de duração, bate aquela dúvida “o que eu falo agora?”. Às vezes o assunto acaba, mas é nossa obrigação arrumar algo interessante para falar. Ênfase no “interessante”, porque nosso trabalho não é só sair falando, temos que falar coisas interessantes, coisas que agreguem à transmissão e ao entendimento do público em relação ao o que está rolando na tela.
Ainda sobre desafios, como lidar com situações em que o chat da transmissão se torna um ambiente tóxico?
Como eu disse, a BTS é abençoada com um público maravilhoso, educado. Mas é inevitável que uma hora ou outra surja alguém no chat para ser tóxico, o famoso hater. Eu particularmente faço o seguinte: sempre que tem elogio no chat eu leio e agradeço, com o hate eu faço a mesma coisa. Claro que eu censuro o comentário do camarada caso ele tenha xingado, mas trato o hate como se fosse um feedback e agradeço por ele estar “colaborando para que a transmissão melhore”. Haters são malas mas não são monstros sem coração. Eles só estão amargurados com alguma coisa. É raro um indivíduo voltar a ofender ou a tratar mal uma pessoa que a respondeu com educação. Funciona em 90% dos casos. Geralmente a pessoa que lançou o hate, após ser tratada com educação, fica quieta na dela e não fala mais nada. Já rolou até do hater pedir desculpas pela falta de educação, lembro que fiquei bem feliz quando isso rolou.
De vez em quando rola brigas no chat, entre os próprios viewers mesmo. Admito que é bem engraçado, chega a dar vontade de rir das tretas e discussões bobas que surgem. Mas nossa função como “comandantes da transmissão” é sempre fazer com que o ambiente seja o mais saudável possível para todos, por isso temos que acalmar os ânimos de todos para que as coisas voltem à normalidade. Às vezes uma suspensão de minutinhos ou horinhas nos envolvidos é necessária (risos).
Quais dicas você dá para quem pretende começar como narrador/comentarista?
Paciência e humildade. Paciência para esperar que as coisas deem certo. Se você confia no seu trabalho, uma hora, mais cedo ou mais tarde, ele vai te trazer frutos. Só não pode achar que isso vai acontecer rápido. Até pode acontecer rápido, mas não conte com isso. Entre na cena com a ideia que o reconhecimento pode demorar a vir. Se o trabalho for bem feito, te garanto que ele vai vir.
E humildade para ouvir o feedback e a opinião de todos que quiserem comentar sobre seu trabalho. Escute todos que se dispuserem a te ajudar a melhorar. Você não precisa concordar e nem acatar a tudo que te digam, mas escute. Escute com o coração aberto. Se você fica muito na defensiva, achando que a pessoa só está te falando algo para te diminuir, você pode acabar perdendo conselhos valiosos e regados de razão.
Então, escute e também procure por feedback de pessoas e profissionais consolidados da cena que você confie. Por exemplo, se surgir alguém na minha DM pedindo para eu ver e dar meu feedback para a narração/comentário dela numa partida, eu iria fazê-lo com o maior prazer e boa vontade.
Alguns jogadores já comentaram em entrevistas sobre as diferenças de uma competição de esports em formato presencial e uma competição online. Para quem narra ou comenta, há alguma diferença também?
Toda!!! A minha estreia em uma transmissão presencial foi logo no The International, e logo narrando um jogo de equipe brasileira. Pressão maior para estrear impossível. Claro que com o tempo você se acostuma, mas você se encontra em um ambiente totalmente hostil. Você está num estúdio com pessoas te olhando, com uma iluminação profissional na tua cara e tudo que você usa é diferente.
O headset não é o mesmo que você tem em casa, ele encaixa diferente na sua cabeça, o monitor e as configurações de vídeo não são as mesmas, então a imagem que você vê é diferente, o mouse é outro, e por mais que você ajuste, a sensibilidade vai parecer que nunca está igual ao que você está acostumado, o modelo do mouse provavelmente vai ser diferente do seu, então o encaixe na mão também vai mudar. Enfim, como eu já disse, você está em um ambiente completamente hostil. Mas você se acostuma com tudo isso, a ansiedade vai embora aos poucos, a pressão também. E aí, só sobram as coisas boas de uma narração presencial.
Você está em um ambiente totalmente imerso na competição, então o foco é de 1000% no evento. Você está rodeado por profissionais capacitados que vão te auxiliar com todos e quaisquer problemas que você possa vir a ter. Você não vai precisar ficar preocupado em consertar os probleminhas que sempre rolam em uma transmissão porque vai ter uma equipe pronta para resolver tudo. Você vai estar com outros narradores da cena aos quais você pode pedir conselhos, dicas, opiniões. Provavelmente, os equipamentos usados serão melhores do que você está acostumado, então tudo fica mais bonito, mais perfeito. Ou seja, depois da tensão inicial, só ficam as partes boas de uma transmissão presencial. Inclusive, estou com saudades, ansioso e pronto para a próxima.
Considerações finais: algum agradecimento que queira fazer, algum desabafo, algum comentário sobre o cenário dos esports, etc. Este espaço é seu!
Desde minha volta à cena dos esports há um ano e meio atrás, tudo tem sido incrível para mim. Tudo tem acontecido da melhor forma possível, e sou extremamente grato à BTS Brasil aos meus colegas de trabalho e, PRINCIPALMENTE, ao público pelo apoio e suporte prestados até aqui. Sou muito grato por tudo e nunca vou esquecer de cada um que de alguma forma me deu forças e meios para chegar até aqui. Ainda tenho uma jornada longa pela frente e estou animado para superar todos os desafios até atingir os meus próximos objetivos.
Só mais uma coisa: nosso Dotinha não está morto, muito menos a cena brasileira. Se você ama esse joguinho como eu, se prepare, porque tem muita coisa boa vindo por aí. HYPE!!!
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Texto por Vitor Santos
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