BTS Entrevista: Dezanig, campeão da Liga Brasileira BTS de Super Mario 64

Alô fãs de esports e seguidores da BTS Brasil! Hoje temos mais uma matéria da seção BTS Entrevista! Semanalmente, traremos entrevistas com figuras ligadas aos games e aos esports, para que você saiba mais sobre os nomes conhecidos do esporte eletrônico.

Hoje, vamos falar de speedrun: uma conversa com Dezanig, jogador que se sagrou campeão da Liga BTS de Super Mario 64.

Vindo de Santa Catarina, Dezanig venceu adversários de vários lugares para ser campeão da Liga Brasileira BTS de Super Mario 64

Primeiramente, fale sobre você. Quem é o Dezanig fora dos video games, qual sua formação, etc.

Chamo-me Igor, tenho 26 anos, sou natural de Florianópolis-SC e bacharel em Direito, atualmente estudando para concursos públicos da área jurídica. Também toco piano desde os 8 anos de idade, fato que, creio eu, influenciou positivamente na minha carreira enquanto speedrunner, já que ambas as atividades exigem destreza dos dedos e precisão de movimento.

Como você conheceu a prática do speedrun? E como começou com a modalidade?

Fui pela primeira vez exposto a uma speedrun nos idos de 2009 ou 2010 (não me lembro bem), quando por acaso esbarrei em um vídeo no youtube que demonstrava uma Tool-Assisted Speedrun (TAS) de 16 estrelas no Super Mario 64. Na época, pensei que se tratava de uma pessoa de verdade jogando o game, e não um computador. Lembro que fiquei absolutamente boquiaberto com a velocidade em que tudo ocorria, já que minha única experiência anterior era a de um casual qualquer. Apesar disso, deixei de lado o assunto, sem pesquisar mais aprofundadamente. Por mera curiosidade, voltei a procurar sobre essa modalidade de gameplay apenas alguns anos depois, em 2013.

Descobri o site da Speed Demos Archive, que continha uma verdadeira biblioteca de games e seus respectivos recordes. Foi ali que li o nome “Siglemic” pela primeira vez, vindo a descobrir logo em seguida que era o recordista mundial de 120 estrelas no Super Mario 64. Acabei por encontrar na mesma ocasião o site da Twitch e o canal deste jogador, do qual passei a ser um assíduo espectador. Alguns meses depois resolvi pela primeira vez tentar eu mesmo a fazer speedrun do game, vindo a completar minha primeira run em setembro de 2014. Daí pra frente, inciou-se uma verdadeira escalada até chegar ao topo dos rankings deste fabuloso game.

Quais formatos de speedrun te interessam mais (porcentagem total, qualquer porcentagem, etc) e qual/quais você acha mais difícil?

Sempre me interessei mais pelas porcentagens totais, e speedruns um pouco mais longas. Nessas modalidades, mais do game é explorado, e a apresentação se torna mais interessante, do meu ponto de vista. Categorias curtas tendem a me entediar facilmente, dada a massiva quantidade de resets. Felizmente, no Super Mario 64 existe a categoria de 120 estrelas, onde se deve adentrar em todas as fases do jogo, tendo cada uma delas especificidades e dificuldades únicas. Tive a oportunidade fazer runs de Zelda: Ocarina of Time uma determinada época, e nesse game a categoria de 100% também era a que mais me chamava a atenção.

Apesar disso, não creio serem essas categorias mais difíceis que as curtas; ambas apresentam semelhante grau de dificuldade, mas por diferentes razões: nas categorias longas, a resistência mental é posta a prova, já que o foco se dá por longos períodos de tempo; nas curtas, o erro é absolutamente intolerável, o que eleva enormemente a quantidade de resets.

Quais jogadores do cenário você se inspira? E quais você considera como futuros destaques?

Quando iniciei no game, dois jogadores me inspiravam, pela sua velocidade e consistência, respectivamente: Siglemic e Puncayshun. Atualmente, não creio que nenhum jogador exerce sobre mim alguma influência de espírito, ou me inspira de algum modo. Evidentemente, admiro aqueles que são melhores que eu, mas hoje enxergo a nossa diferença apenas sob o viés técnico. Quero dizer, sempre procuro na minha gameplay aquilo que falta para chegar no nível dos melhores. É mais automotivação e autocrítica do que inspiração em um determinado jogador.

Para o futuro, vários jogadores estão se projetando, já que é um game extremamente popular e competitivo. No cenário nacional, certamente nomes como LeDrac, LeoDamin, Pomini, DesVoador, Faeddin, Flandral, m_vitor (apesar de inativo no momento), dentre outros, tomarão lugar de destaque.

Falando da Liga de Super Mario 64 da BTS: quais adversários você considera que teve mais dificuldade? E como foi a experiência do torneio como um todo?

A Liga de Super Mario 64, realizado pela BTS, foi, sem sombra de dúvida, o maior evento brasileiro em relação ao game até hoje. Por muitos anos, fui o único runner brasileiro ativo do jogo, e sentia falta de uma comunidade brasileira que representasse o game de maneira séria e competente. Malgrado os infortúnios de 2020, um milagre aconteceu na cena brasileira, e uma comunidade de SM64 nasceu no país. O campeonato da BTS seria impensável há alguns poucos anos atrás. Sendo assim, sinto-me feliz de poder ter participado do evento, e também de ter enfrentado talentosos e promissores runners brasileiros.

É claro que, tendo eu 6 anos de experiência no jogo, e os demais nem mesmo um ano de SM64 (com exceção do Spec3x, o qual havia deixado de fazer runs anos atrás), era claro para mim que numa situação de pressão eu tinha vantagem considerável. No entanto, como se tratava de uma categoria curta (16 star), com a qual havia tido pouco contato ao longo dos anos, qualquer erro mais grave me tiraria a chance de me recuperar, dada a breve duração da run (aproximadamente 17 a 18 minutos).

Isso me forçou a reaprender de maneira séria alguns trechos importantes, o mais notável, a parte dos Backward Long Jumps (BLJs). O melhor jogador a participar do torneio, depois de mim, era LeDrac, um jovem jogador que vem demonstrando incrível potencial. Era, portanto, o adversário que mais me desafiaria. Apesar disso, vim a perder na primeira fase da competição para Spec3x, após uma série de desafortunados eventos que sucederam em minha run. Apesar disso, a grande final esperada de fato se concretizou: Dezanig vs. LeDrac. Tive nessa partida, possivelmente, minha melhor performance na competição, o que acabou por me garantir o prêmio.

Quais dicas você dá para quem quer ser um speedrunner? Técnicas, dicas para se concentrar ou relaxar, etc.

As dicas que posso dar são:

1) Escolha um game que você ame profundamente, pois gastará incontáveis horas nele;

2) Fragmente a rota o máximo possível, para o treinamento ser eficiente e específico. Procure vídeos de jogadores melhores que você, para identificar onde você pode melhorar.

3) É inevitável o reset acontecer em boas runs. Lembre-se que a cada reset, mais experiência foi acumulada, e portanto, maior a chance do sucesso nas próximas tentativas, e menor o grau de nervosismo.

4) Por fim, para a concentração, a minha máxima predileta: Jogue mais e fale menos. Falar é algo que se sobrepõe ao jogar, e a concentração se perde facilmente.

Quais jogos você indica pra quem quer começar com speedrun?

Indico aquele que você tem mais afinidade, aquele que você não se importa em jogar por longos períodos de tempo. Geralmente aqueles que jogamos na infância têm uma qualidade especial, como foi o caso do SM64 para mim. Enfim, o melhor jogo para fazer speedrun é aquele que mais te cativa. O Super Mario 64 é um game excelente, pois é desafiador e divertido para qualquer nível de gameplay, desde os iniciantes até os avançados. Se persistir a dúvida, SM64 é uma excelente pedida.

Algum desabafo sobre o cenário dos games/esports que queira fazer, algum agradecimento ou comentário que queira fazer? Este espaço é seu!

Não poderia de deixar de agradecer à BTS pela oportunidade de realizarmos o maior de evento Super Mario 64 até então, e também ao meu amigo Pomini, por todo o esforço empreendido para garantir a qualidade do campeonato, bem como em fazer crescer cada vez mais nossa comunidade. Agradeço também ao LeDrac, por me proporcionar sensação de desafio em âmbito brasileiro, algo que não acontecia há muitos anos.

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Texto por Vitor Santos

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